Fotografar a Lua

Trata-se de um exercício básico de fotografia que qualquer fotógrafo nocturno deve experimentar.

Quem já tentou reparou que a Lua tende a aparecer estourada como uma bola de luz quase indistinguível do Sol.
Isso deve-se à tentativa ter sido realizada em modo Auto, Tv ou AV. Uma vez que a máquina escolhe pelo menos um dos factores importantes para uma fotografia, esta, sendo um mero processador, está sujeita a ser enganada pelos dados que recolhe.

Quer isto dizer simplesmente que o céu nocturno é muito escuro e a Lua iluminada ofusca a máquina. Podemos fazer uma analogia deste caso com tentar ver os pormenores de uma parede em contra-luz.



Explicado o porquê do fenómeno o que fazer?
Fotografar a Lua é muito simples. Parecendo que não, é um astro bastante luminoso, capaz de iluminar bastante bem a rua quando está no seu ponto mais brilhante. Assim não serão precisas velocidades estonteantemente lentas e mesmo tripé apenas será aconselhado em caso de distâncias acima dos 100mm
Primeiro muda-se o programa para Manual, seguido de ISO 100. Depois, dependendo do estado da Lua e da distância focal experimenta-se por tentativa e erro aberturas e velocidades.

Nos seguintes casos foram utilizadas distâncias focais de 200mm com crop em edição posterior.



Nesta fotografia foram utilizadas abertura f/11 e velocidade 1/80s sendo esta a fórmula que me resultou melhor para a noite.
Maior velocidade escurece a fotografia, menor atenua os detalhes. O mesmo se passa com a abertura.



Esta, a título de exemplo foi tirada com abertura de f/13 e velocidade de 1/250s a ISO 800.
Pode-se constatar que o tema ficou mais luminoso em menos tempo, mas peca em nitidez, sendo que alargando a imagem para full screen, ela irá revelar bastante grão.
Porém, editando a primeira imagem, pode-se obter resultados tão ou mais satisfatórios com menos ruído.

Como foi dito, a fórmula deriva todos os dias e a cada momento, mas com este ponto de apoio, espero que os fotógrafos nocturnos amadores entusiastas possam enraizar esta base que serve para todas as fotografias nocturnas.

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Fotografias tiradas por António Martins Aka Joaquim Galhão numa Canon 400D, com lente acomplada Canon EF 55-200mm f/4.5-5.6 USM e tripé Kisa TPV 003.

Qualquer dúvida ou apontamento por favor deixem um post.
Autorizo a exibição deste tuturial noutros sites com a condição de terem um link para o original anexado e de me contactarem

Ou podemos usar o "spot-metering" da maquina, medindo apenas a lua...ela deve ser considerada um cinza neutro, portanto acertamos logo com a exposição.

Aconselho o "spot-metering" para fotografia de retrato, medindo apenas a luz da face do sujeito numa zona média(nem a mais clara nem a mais escura) que queremos bem exposto, reduz muito as situações em que a fotografia fica mal exposta (face muito escura, ou muito clara) por causa da presença de muitos negros ou altas luzes, demora à habituar mas vale muito a pena.

Mmmm e com "spot-metering" referes-te a quê especificamente.

Pus-me a brincar com a 400D e nos metering modes tem Center-weighted average metering, Partial Metering e Evaluative metering.

Como pelas tuas palavras parecia uma alternativa ao uso do tão temido Manual fiz experiencias com diferentes aberturas desde f/5.6 a 12 mas o resultado não foi de todo satisfatório.

Como está um céu +/- nublado experimentei apanhar a Lua juntamente com algumas nuvens mas apenas consegui apanhar uma lua bem medida em modo manual com o céu completamente escurecido.

Deixo abaixo algumas das melhores experiências:



Manual Exposure
1/60
f/10
Center Weighted Average Metering
ISO 100
200mm



Aperture-Priority AE
1s
f/10
Partial Metering
ISO 100
200mm



Manual Exposure
1/50
f/11
Partial Metering
ISO 100
200mm

Galhão uma 500mm ajudava não

500€ também

Tenho que experimentar com a minha 300mm

para a 500mm não te chega 500€

Viva! Long time no see

A 400D não tem Spot Metering, o mais aproximado que tem será o Center Weighted Metering que faz a medição considerando apenas a zona central.

Quanto às fotos da Lua em si, quando tinha a minha Fuji s6500fd cheguei a tirar algumas e nunca precisei do tripé (isto por causa das aberturas que usava).
Deixo aqui um exemplo dos resultados que obtive na altura:


O exif está na foto, é um crop a 100%, a maquina tinha um zoom 10.3x o que equivalia a 300mm em sensores FF.

Como é obvio a qualidade não é a melhor mas julgo que dá para ter uma ideia também.

cumps

Bem então penso que o tuturial não precisará de correcções e podem seguir por ele.
É claro que qualquer acréscimo vosso será bem vindo

Conde, não chega mas ajuda

Há uma regra básica da fotografia de outros tempos, que é o "sunny rule", ou regra do Sol, em que se aconselhava o F16 para fotografia com luz solar directa, e tambem uma "moon rule", em que se aconselhava o f11. Há muita literatura sobre isso aí pela net. Eu utilizo sempre a técnica do spot metering à lua, mas é como diz o Tiago, a 400D não tem. A fotografia da lua, tal como a célebre fotografia de Ansel Adams, tem alturas próprias do dia para ser feita, em que coexistem determinados factores de luz.

Podem estudar aqui : http://www.hcc.commnet.edu/artmuseum/anseladams/details/moonrise.html

É uma das fotos mais famosas do mundo.

em termos de "macro" da Lua, já fiz umas experiências, mas são 80Kg de tralha que tenho de montar cada vez que as quero fazer, e tem de ser em dias muito especiais. A fotografia de aproximação da lua obedece a uma série de condicionantes que muitos desconhecem e eu tambem desconhecia até fazer as primeiras experiências, é a turbulência térmica da atmosfera, que rouca o detalhe todo à Lua. Claro que isto só é visivel com uma 500mm ou mais, verificam que tal como uma estrada quente no verão, a superficie da lua tá cheia de ondulações sempre em movimento, o que destroi a fotografia. Tal não se verifica em dias frios com pouca turbulência na atmosfera.

Já agora, algumas das experiências, uma num dia mau, outra de grande aproximação, outra num dia excelente sem perturbações :


aqui as condições estavam melhorzitas


visiveis as perturbações com a perca de detalhe em parte da superficie


Esta foi a melhor que consegui até hoje, num dia excelente que não voltei a ter a sorte de ter.

Usei na altura um telescópio 750mm/150mm acoplado à EOS 20D com um adaptador T2

Muito bom Rui!
Demonstraste fotografias da Lua de grande nível.
Obrigado pelo acréscimo. São dicas valiosas que eu nem imaginava que fossem precisas.

Rui, essa ultima está brutal...parece saida do site da NASA Aquele ponto vermelho será Marte?

Quanto à turbulência térmica da Lua, eu tenho um telescópio daqueles baratuchos e notava uma especie de 'ondas' tal e qual aquilo que vemos nas estradas no Verão como referiste. Além disso, na Lua Cheia era impossivel estar muito tempo a espreitar, criava algum desconforto além da temperatura subir um pouco.

Já agora, podem explicar o porquê de na última, as estrelas terem aparecido na vez de um céu completamente escuro?

Rui... essa última.. realmente... wowwww...

Brutal Rui...Parabens.

Parabéns Rui.
A última foto está um máximo.

Como disseste e bem.
"foi a melhor que consegui até hoje, num dia excelente que não voltei a ter a sorte de ter."

Joaquim Galhão escreveu:Já agora, podem explicar o porquê de na última, as estrelas terem aparecido na vez de um céu completamente escuro?

Claro que explico e dúvida muito bem levantada, pois com essas estrelas é uma foto impossível. O correcto seria mesmo o céu estar 100% negro. Já fiz essa foto há muito tempo, já não me recordo bem mas penso que em 2005/2006. Assim recorri a 2 exposições a zonas diferentes do céu e fiz montagem no fotoxpe. Achei que ficaria mais "artistico" ter o céu estrelado do que o ceu completamente negro. O que vês é a foto da Lua, e o céu negro foi substituido por outra foto com o planeta vermelho (Marte). Nessa noite lembro-me bem que as condições de observação estavam fabulosas.

As do rui estão mesmo...
Fantásticas mesmo!

A ultima...Sem palavras